Qual é o foco a ser dado no segundo turno para não virarmos a Venezuela? - Áureo Alessandri.
O resultado do primeiro turno das eleições não foi de todo desanimador.
Só os que estavam na bolha do "JB já ganhou" se surpreenderam.
As pesquisas davam Lula, o criminoso condenado por três tribunais e nove juízes, eleito em primeiro turno com larga folga.
Não foi o que aconteceu, para desespero dos petistas que contavam muito com essa vitória prematura.
Desanimador mesmo foi acompanhar a profusão de comentários desesperados após o resultado, a maior parte vinda de quem não estava preparado para encarar a realidade.
A maior parte dos comentários se referia a uma suposta fraude nas urnas e algumas delas se baseavam na curva a seguir, que representa a evolução de votos dos candidatos:
Para quem não tem muito domínio da matemática soa estranho. Contudo, os gráficos representam apenas o óbvio ululante.
Basta ver que no nordeste JB teve menos da metade dos votos de Lula, sendo que em alguns casos JB perdeu de 70% a 30%.
No sul e sudeste JB superou Lula por algo em torno de 7% ou 8%, exceto em Minas Gerais onde perdeu.
O gráfico simplesmente mostra que 90% dos votos onde Bolsonaro tem pouca vantagem são apurados bem antes do que os votos onde Lula tem larga vantagem, ou seja, se os votos do sudeste chegam primeiro e os votos do nordeste chegam depois, é óbvio que a curva seja essa.
Outro argumento usado largamente foi que alguns candidatos a senador e/ou governador indicados por Bolsonaro foram mais votados do que ele, o que indicaria uma fraude.
Historicamente isso ocorreu muitas vezes em São Paulo onde Suplicy, o petista gagá, sempre ganhou para senador nas mesmas eleições em que o PSDB ganhava pra governador e para presidente.
Subestima-se o voto fisiológico. O voto da simpatia que não segue a lógica das ideologias ou, em outras palavras, o voto sem a mínima coerência - e coerência nunca foi o forte da nossa massa de iletrados.
Outros fatores a ponderar: Bolsonaro teve mais votos nessa eleição do que no primeiro turno de 2018, inclusive no nordeste.
Além disso, os senadores e deputados federais apoiados por Bolsonaro foram eleitos aos borbotões. Idem para os governadores.
Ora, o suposto algoritmo que rouba para a presidência só seria útil se roubasse também para o senado e para a câmara. Convenhamos: roubar a favor de Lula para presidente e perder feio na disputa ao congresso não seria um algoritmo para uma fraude útil e inteligente - e nunca se deve subestimar a inteligência do inimigo.
No limite do limite tivemos dezenas de militares, laureados com diplomas do IME e do ITA - as MELHORES FACULDADES DO PAÍS DISPARADO e até o momento em que escrevo este artigo nada foi declarado por eles em termos de fraude nas urnas.
Portanto eu sugiro fortemente que esqueçam o argumento da fraude se não houver um maço de provas contundentes dadas pelos militares e foquem no que de fato interessa.
Primeiro vamos analisar onde está a verdadeira má influência nas eleições.
Em primeiro lugar, quem muito influenciou o voto foram as pesquisas.
A maioria delas davam de 15% a 18% de vantagem a Lula quando a realidade mostrou que a diferença foi de 5%.
Isso sem contar os erros brutais nos resultados para senador (num dos casos erraram por mais de 30%) e governador.
As empresas de pesquisa precisam, no mínimo, responder a uma CPI. Precisam ser questionadas sobre os métodos e responder claramente se de fato "tem candidato que contrata pesquisa e tem candidato que contrata resultado".
Precisam ser pesadamente questionados e se responsabilizar pelos prejuízos que causam ao país com pesquisas que são claramente maquiadas, direcionadas ou fraudulentas.
Outro péssimo fator influenciador de votos foi a imprensa marrom, vendida e promíscua que precisa mamar o dinheiro do povo para sustentar seus luxos e extravagâncias, mas aqui há pouco a fazer.
Essa escumalha midiática defende ferrenhamente seus interesses e tem o poder da comunicação de massa nas mãos.
Eles precisam de muito dinheiro para manter as orgias, os salários milionários de suas estrelas e os royalties dos programas que compram do exterior. É preciso bastante dinheiro público para manter funcionando os quartinhos "do cu e do pó" revelados por Oscar Magrini recentemente.
Agora vamos avaliar os resultados da eleição.
Para câmara de deputados, os puxadores de votos, aqueles candidatos que são colocados nos partidos para angariar votação maciça e colocar dentro outros sem o mesmo desempenho, falharam miseravelmente.
Lucélia Santos, Dr. Rey, Marco Antonio Villa, Eduardo Cunha, a filha do Roberto Jeferson, Paulinho da Força, Jose Serra, Joyce Peppa, Alexandre Frota e Kid Bengala (estes poderiam compor uma chapa ou fazer um filme juntos) não se elegeram. Tiririca quase fica de fora.
Isso sem contar a morte prosaica do PSDB em todo o país (só terá 4 senadores e 13 deputados) e o desempenho pífio de nomes como Collor, Requião e Freixo ao governo.
Para presidente, Lula ganhou em nove dos dez estados onde há maior índice de analfabetismo. Isso mostra claramente que o PT é só uma quadrilha imunda que se alimenta da miséria, da seca e do analfabetismo que eles mesmo mantiveram para se eleger.
O PT precisava muito da vitória em primeiro turno especialmente agora que JB elegeu muitos senadores, deputados e governadores de sua base.
Mas há um ponto importante a notar: É possível que o PT já tenha espremido todos os votos que conseguiria obter com a ajuda das empresas de pesquisa, da imprensa fétida, dos mentecaptos e da escumalha que é tão amoral quanto Lula.
Isso fica claro porque a campanha lulista pregou o voto útil em cima de Ciro e o esvaziou até o limite de deixá-lo com 3%, um restolho de votos que dificilmente irá todo para Lula.
O MDB de Renan Calheiros, um dos maiores canalhas do país, vai apoiar o petista mas não vai conseguir transferir todos os votos de Simone Tebet para Lula já que são perfis de eleitores absolutamente diferentes.
Trata-se, portanto, de uma outra eleição onde algumas peças vão ser rearranjadas.
E aqui chego ao verdadeiro foco a ser tratado no segundo turno para que o Brasil não se torne a Venezuela em menos de quatro anos:
Bolsonaro vai precisar trabalhar forte em Minas Gerais, o swinging state brasileiro, que começou com Bolsonaro ganhando e terminou com Lula na frente. Evidentemente que o apoio de Romeu Zema é essencial.
Também precisará adotar como estratégia uma troca de apoios com ACM Neto, cacique do União Brasil (a mistura de DEM com PSL) que disputa segundo turno na Bahia.
Apesar de tudo isso, é a abstenção que vai ser o verdadeiro fiel da balança.
E atenção a este ponto: Se a gigantesca abstenção for a mesma do primeiro turno, 32 milhões - o equivalente a toda a população do Peru - Lula precisará só de 1,5% para vencer já que as chances de reverter votos de Lula para Bolsonaro não deve chegar a 1% (ambos contam com o chamado voto resiliente).
Bolsonaro precisa trabalhar nas abstenções e convencer a população de que vale a pena sair de casa para votar nele e que a vitória dele e a de Lula não dão na mesma.
Para os mais simplórios, é uma boa ideia argumentar que é hora de votar nele para evitar que todos estejamos catando lixo pelas ruas pra achar comida daqui a quatro anos.
Para os mais instruídos, talvez valha a pena dizer que a simbiose de Lula com um STF com mais dois ministros comunistas fará o Brasil seguir exatamente os mesmos passos da Venezuela, criando facilmente uma ditadura vermelha da qual o Brasil não vai sair nos próximos 30 ou 40 anos.
Lula será nosso Hugo Chaves semianalfabeto e talvez Boulos vire seu sucessor, um Maduro filhinho de papai.
Portanto, deixe a conversa sobre fraude para os militares. Eles que emitam um parecer sólido.
Faça a sua parte.
Se daqui a quatro anos você não pretende enterrar seus mortos no quintal e nem comprar carne podre pra comer, como na Venezuela, saia de casa e vá votar em Bolsonaro no segundo turno.