Das profecias incautas ou da anestesia que o sistema quer nos dar - Áureo Alessandri.

27/09/2022

Fazer previsões é algo difícil. Beira o impossível até. Acredito piamente que ninguém tenha esse dom e quando o tem, trata-se de embuste.
Mas eu, impaciente por revelar-me um profeta apocalíptico, recostei-me na cadeira com os olhos fixos no horizonte, pensando: "Como fazer uma previsão sem correr o risco de parecer idiota a longo prazo?"

Eis que surge a meu lado, o espectro de um médico francês que nasceu na mesma época em que o Brasil foi descoberto: Michel de Nostredame, com um imenso manuscrito de seu Les Prophéties embaixo do braço.

Soturnamente ele coloca a mão no meu ombro e diz: "Pensando em fazer profecias, meu jovem?"
E eu: "Sim. Mas estou em dúvida se devo fazê-lo."
"Pois é bom mesmo. Tome cuidado. Eu mesmo fiquei desacreditado depois que errei a previsão sobre o anticristo vir em julho de 1999 pra começar uma guerra mundial".

Fiquei abalado, mas mesmo assim, diante do cenário político brasileiro, decidi ignorar o aviso de Nostradamus e me arriscar.
E sobre qual profecia decidi me arriscar? Sobre o que acontecerá se Lula, o bêbado frequentador de cadeia, vencer a eleição de 2022.
Bato na madeira, respiro fundo e finalmente começo a

construir o raciocínio.Pra isso preciso recuar um pouco no tempo.
Há apenas alguns meses atrás, muito se falava em terceira via: algo indistinto situado entre um Fora Bolsonaro e um Lula na cadeia.
Um "não sem quem nem o quê engendrado por sabe-se lá quem" que pregava apoio a um candidato que não estivesse nem do lado do discurso pesado de Bolsonaro e nem do lado do crime petista.De início o homem da terceira via seria Sérgio Moro. Excelente juiz, mestre em julgar casos de lavagem de dinheiro, Moro era o herói encarnado depois que condenou o sindicalista analfabeto a 8 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro.
A questão é que Moro foi assediado por partidos e teve muita gente esperta sussurrando em seus ouvidos.
Aparecendo em pesquisas como um dos líderes à presidência, bastava romper com Bolsonaro e fazer-lhe contraponto para ganhar a eleição de 2022 - uma barbada.
Assim que saiu pifiamente do governo, foi abafado pelas mesmas pessoas que o convenceram a se opor a Bolsonaro e a sair atirando a esmo, como se nomear o diretor da Polícia Federal não fosse uma atribuição constitucional exclusiva do presidente.

Moro virou uma minhoca num ninho de cobras e hoje concorre periclitantemente ao senado no Paraná. Perdeu o cargo de juiz, perdeu o cargo de ministro, perdeu a chance de uma cadeira no STF, ficou marcado como traidor do governo e agora corre o risco de perder a eleição para o senado.  

Depois a terceira via se tornou João Dória, o lobista chinês, que tentou se cacifar eleitoralmente à presidência com a propaganda maciça de que tinha sido o pioneiro em trazer vacinas da Covid para o Brasil depois de alardear falsamente uma suposta inercia do governo federal em consegui-las.

Dória, mesmo sendo o único no PSDB a ter sido colossalmente votado nas duas eleições em que participou e mesmo tendo vencido legitimamente as prévias de seu partido, foi "tratorado" pelo próprio PSBD - partido cujo dono é FHC, pai ideológico da esquerda tupiniquim, ficando com cara de tacho e sem candidatura a nada.

Mas não soa estranho que dois possíveis candidatos com tanto potencial de vitória tenham sido apagados com grande empenho por seus próprios partidos? Pior: Foram apagados para que nomes absolutamente inexpressivos como Simone Tebet e Soraya Thronicke fossem alçados à condição de candidatos à presidência mesmo sem a mínima chance de passar dos 3% de votos.

O que teria acontecido com a terceira via? Teriam os partidos sido burros? Teriam os partidos desistido de colocar alguém para contrapor os polos políticos de Lula e Bolsonaro?Na verdade não. Ao contrário: A terceira via não só não desistiu como está tentando seu ataque mais engenhoso e virulento, com um candidato que está disputando a eleição com boas chances de vitória e que está pronto a assumir o poder.

O problema é que esse candidato não é popular, não tem  votos e já foi derrotado vergonhosamente na última eleição.

Então para dar-lhe chances de governar, foi preciso tirar Lula da cadeia, limpar artificialmente sua ficha vergonhosa e engendrar uma manobra política para colocá-lo como vice na chapa.

Sim. O candidato da terceira via é Geraldo Alckmin, uma rêmora que só teve seu nome iluminado pela morte de Mário Covas e que depois disso só se submeteu ao ridículo quando disputou a presidência.  

Em primeiro lugar é preciso entender que a terceira via é uma invenção do que chamamos de "sistema" - um aglomerado mal distinto de mega empresários, banqueiros, altos funcionários públicos de carreira, partidos políticos e entidades satélites cujos interesses todos sabem bem qual é: explorar o erário o máximo possível sem que a população se dê conta disso.Como Alckmin não tem votos suficientes, o sistema precisou infiltra-lo na chapa de Lula, como uma rêmora em simbiose com um tubarão moribundo. De Lula, o sistema só quer os votos.Ninguém melhor do que Alckmin para esse papel. Ninguém melhor que ele para trazer neutralidade à polarização.
Sem discurso, sem ideologia, sem programa, sem caráter, sem personalidade, sem nada que atrapalhe o "sistema" em sua jornada rumo ao interior dos cofres públicos.

Longe do discurso beligerante de Bolsonaro contra o sistema e sem as suspeitas que certamente pairarão sobre Lula, o sistema ficaria livre para assaltar o país sorrateiramente enquanto Alckmin posa de pacificador neutro.

O país precisa ser despolarizado e pacificado para que o sistema possa enfim voltar a roubar os cofres públicos em paz.
Alckmin é a anestesia que o sistema precisa dar no país para que tudo volte a ser como era: O sistema roubando e o povo pagando - todos em harmonia.

É a cartada final do sistema e a mais ousada de todas.  

Com espírito incauto, faço finalmente a minha profecia, a mesma que o espectro esfumaçado de Nostradamus me advertiu a não fazer:Se Lula vencer a eleição em 2022, será deposto depois de no máximo um ano e meio por doença ou por algum processo político para que Alckmin - o chuchu insuspeito, assuma o poder e despolarize o país, devolvendo-o a seu original estado de letargia.
Um Brasil que Roberto Campos definiu no passado como sendo: "um país sob anestesia, mas sem cirurgia".
O país que o sistema precisa para poder roubar.

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